1992/2004

Ontem, 29.06.2004, teve o show de Berlin da primeira turnê dos Pixies em 12 anos... Como se não fosse o suficiente, ainda teve Franz Ferdinand e Ash, e era o mínimo que poderiam fazer, depois de cobrar 45 euros e fazer o show na puta que o pariu... quase uma hora de metrô...

Mas enfim, vamos por etapas... O show do Franz Ferdinand surpreendeu pela espontaneidade e pelo tanto que os caras são bem-humorados. Aquele som feliz retrô é espelhado incrivelmente pelo visual feliz retrô da banda inteira, principalmente o cantor, que é a cara do Tim Roth e conversava tão bonitinho com a platéia, ele e o guitarrista, que é a cara do Kyle MacLachlan (o cara que deve ter comido o David Lynch durante uns 10 anos, porque está em Dune, Blue Velvet e Twin Peaks), soltando aquele sotaque mega Glasgow que dava até vontade de fazer cafuné em todos, principalmente depois que um deles sacou uma xícara de chá e foi prontamente imitado por todo o resto da banda. Claro que é difícil levar a sério uma banda que, não bastando ter uma música com o refrão Come and dance with me Michael, resolve transformar, ao vivo, em Come all over me Michael. Mas, mesmo assim, foi supimpa o show.

Já Ash, mais puta velha, tinha aquele "distanciamento" básico de superbandafamosa, e o comportamento compatível; enquanto o baixista do Franz Ferdinand ficou paquerando uma menina na primeira fileira (timidamente, tadinho), o Ash inteiro tinha aquele olhar perdido na multidão... o que encaixa muito bem com a "pose" da banda, de afirmar que ainda são uma super banda, apesar de, convenhamos, o auge já ter passado. Mas, devo admitir, não sabia que a nova guitarrista era TÃO gatinha, e, realmente, Ash é uma das poucas bandas que molham calcinhas de meninas de 15 anos de idade e que conseguem, mesmo com isso, não irritar o resto do mundo, igual os Menudos. E, convenhamos, Girl From Mars é uma PUTA música. Então, apesar de tudo, adorei quando o cara soltou um "rock me, sharon" pra guitarrista... acho que a emoção de abrir pros Pixies foi demais, ele não resistiu... foi bonitinho, porque deu pra ver que foi no calor do momento, pois a guitarrista não entendeu porra nenhuma, e atrasou o começo do solo... foi um desastre, na verdade, mas um desastre bonitinho, né?

O que nos leva, finalmente, à pièce de resistance, ao show da noite... Pixies... não sei nem o que falar sobre o show, porque não lembro muito bem de nada específico, só que o Frank Black e a Kim Deal tão duas vacas de gordos, o Frank tá com a cabeça (e as sombrancelhas!!!) raspada, e o Joey Santiago tá super bichinha conservadinha, alinhadinha e, pelo menos, tocando direito. Mas é impossível falar mais do show, porque conheço Pixies desde mais ou menos '96 ou '97 (ou seja, uns 4 anos depois que eles separaram), então NUNCA esperei ver um show deles, sempre foi uma banda que imaginava estar igual às fotos dos discos, cristalizada no tempo... foi um choque enorme ver os quatro subindo no palco... quem foi no show em Curitiba deve entender mais ou menos o que estou falando, mas foi meio sobrecarga, ouvir tudo aquilo ao vivo. Acho que não teria como ser ruim, acho que mesmo se os quatro sentassem no palco e tocassem olhando pro chão e mais nada, ainda assim seria incrível. Minha única tristeza foi não terem tocado "Ana", minha música predileta deles (tentei gritar na hora, pois estava na grade na frente do palco, mas não adiantou). Mas, porra, foi um show dos PIXIES, porra.

Até comprei uma camiseta pra mim.

Alcaparra

Depois de um texto fervorosamente contra livros, textos, palestras e toda a parafernália de auto-ajuda, escrevo um texto de auto-ajuda. Mas não auto-ajuda sentimentos, podemos te ajudar, você precisa entrar em contato com seu eu interior para explorar ao máximo seu potencial e toda esse lixo hippie new-age, estou falando de um texto literalmente de AUTO-ajuda... Quero ME ajudar, por isso estou escrevendo agora. EU, EU, EU e EU. Vocês que se fodam.

Sempre odiei Alcaparras. Sempre achei uma merda toda a idéia da Alcaparra. Não aceito que possa haver algo nascido assim, criado para ser assim. Parece mais uma ervilha que não deu certo... apanhava das ervilhinhas maiores no colégio, não conseguiu entrar numa receita bacana, como Farfalle com Presunto de Parma e Ervilhas, nem sua última esperança, virar ervilha congelada, deu certo; não arrumou um ervilho, ou se arrumou ele a largou, saiu do armário e foi morar com um kiwi sadomasoquista com fantasias sexuais perturbadoras envolvendo multiprocessadores e sorvete de creme... enfim, sei lá, deu tudo errado.

Assim, a pobre ervilha foi ficando velha, perdendo o gosto pela vida... com isso vieram as rugas, a flacidez e a amargura de uma vida fracassada. De tão velha e depressiva que a ervilha ficou, desistiu até do nome. Ervilha... um nome tão jovem, cheio de energia e repleto de esperança, despontando para um futuro ervilhescamente brilhante! Nada disso, uma ervilha sem fé na possibilidade de uma vida cheia de emoções precisa de um nome condizente com uma existência monótona e infeliz... um nome como, por exemplo, alcaparra!

Porque até o nome, Alcaparra... não sei, tem algo de escroto no nome... REALMENTE escroto; o parra parece meio porra, aí vira uma confusão só... Alcaparra, Alcaporra, Álcool Porra... uau, um novo drinque! Tequila, limão e porra. (na verdade, quem já tomou umas 5 tequilas direto sabe que vai ter porra em algum lugar... de preferência em alguém, mas nem toda noite acaba tão bem assim, né? Que atire a primeira pedra quem consegue encher a cara de tequila e não ficar tarado ao ponto de quase enlouquecer...)

Mas enfim, voltando à porra da Alcaparra...

Desde minha chegada à Alemanha, estou tentando superar meus traumas de comida, tipo brócolis, peixe, etc. O peixe foi tranquilo, mais porque era um trabalho em andamento; já gostava de sushi (como qualquer idiota que acha super cool comer sushi), e tinha começado o tratamento de peixes grelhados no Brasil; agora nenhum peixe me assusta, pelo menos não os mortos, porque quem já viu um badejo enorme na frente sabe que é FODA...

No entanto, esbarrei na Alcaparra. Só o conceito de comer alcaparras me perturbava ao ponto de pensar em escrever um texto como esse, deixando clara minha posição de anti-alcaparra.

Este texto terminaria aqui, provavelmente com um palavrão, porque descobri que terminar textos com palvrões dá um super efeito legal, de gente Barulhenta. Ainda mais quando é totalmente gratuito. No entanto, encontrei um problema, que invalida minha teoria.

Alcaparra é bom. Pra caralho.

Ainda mais com salada, crua, mas crua no sentido de direto do vidro... não tenho a menor idéia do que vem a ser o ciclo de vida de uma Alcaparra antes do estágio Vidro Na Prateleira, e até onde eu saiba, no sul da Itália existem campos enorme, brilhando e cintilando com reflexos do sol em milhões de vidros de alcaparras em conserva.

No entanto, apesar de meu recém-descoberto gosto por alcaparras, ainda mantenho meu posicionamento filosófico acerca dessas merdinhas, essas ervilhinhas frustradas.

Ah, e a parte de auto-ajuda é que descobri que posso tudo que quiser, porque se consigo gostar de alcaparras, nenhuma überfrau é desafio para mim.

PORRA!

Good Morning, Sunshine! Fuck You, Sunshine

Sou uma pessoa bem-humorada. Quem me conhece sabe que sorrio bastante, falo muita besteira, sou divertido e Barulhento. Porém nem sempre. Tenho um lado sombrio e desagradável, pronto para tentar tornar a vida alheia mais cheia de infelicidades e nervosismo. Básicamente, é a velha regra do mau-humor: não adianta estar emburrado se você não conseguir emburrar mais ninguém.

Sou fã número 1 de espalhar o mau-humor pelo mundo; hoje, arremesso (quase) toda minha ira à auto-ajuda, possivelmente a filha mais escrota que o final do Século XX pariu...

De onde vem a auto-ajuda? Acho que uma questão fundamental para entender a auto-ajuda é sacar de onde saiu esse equivalente literário a uma punheta burocrática terça à tarde: Auto-ajuda parte do princípio que todos podem ser felizes, desde que percebam que são indivíduos especiais e únicos, que têm todo o potencial do mundo, desde que explorem tal potencial, desde que queiram ser PESSOAS FELIZES E ESPECIAIS... desculpem, mas só o inglês tem a expressão correta para isso: What the fuck are you TALKING about??

Isso é loucura! Vocês ANDAM na rua? Vêem as pessoas? Alguém realmente acredita que todos são especiais e únicos e etc.? As pessoas são uma grande massa de idiotas completamente desprovidos de um detalhe interessante sequer; são criaturas óbvias, vazias, que não são nem especiais nem únicos, mas sim um grande grupo movendo como um bando de ratos rumo a um abismo, prontos para pularem, bando de imbecis. CLARO que existem zilhões de livros de auto-ajuda; com tantos idiotas susceptíveis no mundo, até eu gostaria de viver de royalties de alguma picaretagem horrível comprada por zilhões de debilóides desesperados por auto-realização e plenitute espiritual...

Então aqui vai um conselho para toda essa cambada de idiotas correndo atrás de fazer amigos e influenciar pessoas e tentando curar suas vidas: Largue de ser idiota e, ao invés de ler asneiras escritas por alguém ou burro demais para fazer qualquer outra coisa ou esperto o suficiente para não precisar fazer nada além de te fuder no rabo para ter um iate, arrume um vício em alguma droga vendida em farmácia e seja junte-se à massa do sorriso químico Prozac que é TÃO Século XXI!

Além disso, só me dou ao trabalho de comentar acerca de livros de auto-ajuda e afins, porque sempre tive uma sugestão a fazer: já que é auto-ajuda, joga fora a porra do livro escrito por algum pilantra semi-analfabeto, se ajude e vai tomar no cu, seu imbecil autômato sem vontade própria!