Ser Cool e Ser Barulhento

Curto tirar onda de Cool. Visual descolado, atitude um pouco blasé, pose cuidadosamente espontânea... quando não estou muito ocupado sendo Barulhento, inconveniente e ligeiramente desagradável, tento ser cool... mas... o que realmente é ser cool?

Estava sentado no Rosenthal café em Berlin tomando um espresso e ponderando esta questão ontem. Eu estava com um visual impecável, super domingo à tarde, óculos escuros, ipod, cópia da Colors, minha super sandália, fino ao extremo; indiscutivelmente charmoso, estiloso e super cool. Enfim, cheguei a algumas conclusões sobre o que é ser cool...

Ser cool é to just not care. Para ser cool, é preciso ser completamente indiferente em relação a coisas que desesperam e perturbam pessoas normais, tipo sexo, dinheiro e domingo. É preciso conseguir conversar com alguma gatinha que você cortaria fora o dedo mindinho com uma faca de manteiga para lamber a orelha como se você não desse a mínima se ela gostou de você, se ela te detestou ou se ela cortaria fora o dedo mindinho com uma faca de manteiga para lamber sua orelha. Ser cool é olhar para a orelha dela como quem lambe orelhas igual àquelas todo dia, até domingo, dia notório pela ausência de orelhas sendo lambidas. Ser cool é participar da comissão julgadora da final de um concurso de técnicas de sexo oral entre Anita Blond e Jenna Jameson como quem poderia ter muito bem só ido pra casa e daria na mesma. É não adorar demais de nada, mas não detestar demais também; nada merece uma reação tão forte assim, as coisas simplesmente são, nunca SÃO. Ser cool é sempre saber tudo que está acontecendo...

Ser cool é um saco.

O legal é ser Barulhento. Sou super fã do Barulhento. Ontem no metrô quase matei uma velhinha do coração quando atendi meu celular, porque sou BARULHENTO, e o povo aqui não é Barulhento. Não é Barulhento, não olha bunda na rua e não faz contato visual, não senta esparramado no metrô mesmo quando está vazio; todas estas formas de ser Barulhento, não necessáriamente precisamos falar para sermos Barulhentos

Taí, cansei de "cool". Agora sou Barulhento. (agora, né...)

À partir de hoje, a nova definição cool para pessoas cool é Barulhento. Não confundir com barulhento! Não é difícil ser barulhento, o difícil é ser Barulhento (sacaram a diferença?) ser barulhento é berrar coisas idiotas, ser desagradávelmente inconveniente, mexer com mulher na rua, repetir piadas velhas e sem graças, discutir a brados futebol, cantar músicas sobre beber cerveja e depois beber cerveja. Já ser Barulhento é ser tão divertido e engraçado e ter um senso de humor tão apurado que as pessoas adoram quando voce falar em decibéis de perfurar tímpanos durante doze horas ininterruptas depois de tomar oito espressos. Ser Barulhento é falar coisas absurdamente asquerosamente pornográficas com gente que voce conheceu há sete minutos, mas ser tão engraçado que não tem problema, é ser agradávelmente inconveniente. Ser Barulhento é explicar para a gatinha que você cortaria seu mindinho fora para lamber a orelha dela.

Ser Barulhento é o que há.

E, quem sabe, de repente ainda rola de lamber uma orelha sem ter que cortar nenhum dedo.

80s está drenando minhas forças

Estou chocado. Profundamente perturbado. Já me sentia um pouco incomodado com a quantidade de botas brancas de bico fino em Berlin... a galera tá enfiando a piroca mesmo na onda let's relive the 80's... roupa coloridassa, cabelão de pufe, sombra azul...
Tudo bem, já passou meu panico com o som, música de videogame voltando à ativa me assustou mas acostumei (de novo... são sons da minha infancia, né?). O design retro colorido e horrível, sob guisa de uma semi-brincadeira, que acabou tomando dimensões catastróficas, invadiu flyers do mundo inteiro.
Mas estou me adaptando bem, comprei uma calça jeans super azul, uma Levi's super justa e azul, muito azul, igual às que minha mãe comprava pra mim quanto tinha 5 anos de idade (eu, não minha mãe). Curto reaproveitar pequenos nacos estéticos do passado; o atual em qualquer era é uma construção de estéticas antigas com novas visões, novos parametros e opiniões. Normal e compreensível, e fundamental para o crescimento da moda, do design, até da arte... enfim, da vida.

Mas... Referencias. Pequenos recortes, detalhes... versões abrandadas da memória estética coletiva... Sabe a imagem que as pessoas que tem hoje entre 20 e 30 anos tem dos anos 80? Cabelão, ombreiras, legging com saia jeans e synthpop? Pois é, os alemães enlouqueceram. Adotaram TUDO até o extremo do crível.
Nada, nada podia me preparar para a cena absurda que presenciei sexta passada: numa boate super super mainstream, super average people, a britney não apareceu, j-lo nem em sonho, e nem as espevitadas christina e beyoncè deram as caras... Tracklist:

1. Like a Prayer - Madonna
2. (I've had the) Time of my life - Bill Medley
3. Summer of '69 - Bryan Adams
4. Don't let me be misunderstood - Santa Esmeralda
5. What a Feeling (do flashdance...) - ?
6. Without you (lembram? I can't liiiiiiiiiiive, If living is without youuuuuuu, I can't liiiiiiiiiiive, I can't liiiiiiiiiiive anymooooooore)

e por aí vai...

E o mais interessante era que ninguém lá tinha mais de 20, no máximo 23, eu e o casal que tava comigo eramos os coroas... 24, 25 e 27. Todo mundo parecia que tava comemorando ter feito 18 e poder entrar em boates. Gente nascida em 1986.

Arg.

PS: Voces sabem que vai sair Dirty Dancing 2?